Pesquisa coordenada por agrônomo de Piracicaba constata que ácido acético diluído em água elimina as larvas do Aedes.
O prosaico vinagre, usado na culinária de todos os lares brasileiros, desponta como um inimigo definitivo do Aedes aegypti, transmissor da dengue. Desde 2003, o engenheiro agrônomo Reinado José Rodella coordenou, em Piracicaba, uma série de pesquisas usando o condimento diluído na água contaminada com larvas do mosquito. O resultado foi impressionante. Confirmou-se, nos laboratórios, que o ácido acético presente no vinagre eliminou todas as larvas das amostras analisadas.
De imediato, o coordenador do Projeto de Combate à Dengue de Piracicaba, Valdemar Correr, pediu que os agentes que estivessem percorrendo os bairros em campanha orientassem os moradores a colocar uma simples colher de vinagre nos recipientes com água parada. “Durante todo o ano passado, foram registrados na cidade apenas seis casos da doença, todos eles importados, ou seja, originários de outros municípios”, comemora.
A descoberta do engenheiro Rodella promete revolucionar o combate a uma doença que, sempre nos períodos de chuva, se torna um risco de epidemia em todo o Brasil. Só o Estado do Rio de Janeiro, para se ter uma idéia, investiu nos últimos cinco anos R$ 10 milhões nas campanhas públicas para eliminar os criadouros do mosquito, com a importação de um biolarvicida cubano.
As atuais estatísticas estão bem longe dos números assustadores de 2002, quando o Brasil registrou 800 mil casos da doença. Mas o risco de epidemia continua existindo.
Gasta-se muito com equipamentos e mão-de-obra usados nos “fumacês” que dizimam as larvas. “Bastaria que todos os brasileiros fossem orientados a usar o vinagre, um produto comum e sem qualquer contra-indicação”, afirma Rodella.
Nos testes feitos no Centro de Controle de Zoonoses, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), na Carnevalli Biotecnologia e na Escola de Engenharia de Piracicaba foi constatado que basta a adição de 5% de vinagre no recipiente com água para que as larvas sejam eliminadas.
A notícia entusiasma Marcelo Cereser, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vinagre (Anav), entidade representativa dos 30 fabricantes brasileiros do condimento. Ele defende uma campanha nacional de conscientização.
Sabedoria do povo foi ponto de partida. “Não vá rir da minha história”, previne-se o pesquisador Reinaldo Rodella quando questionado sobre como descobriu a eficácia do ácido acético contra a larva do Aedes aegypti. O engenheiro conta que seu interesse no assunto começou quando ele ainda era garoto.
Como todas as crianças caipiras que se prezam no interior, Rodella era levado para ser benzido contra o mau-olhado. Claro, crendices não possuem o menor fundamento científico. Mas, curioso, o menino percebeu que a benzedeira sempre colocava uma latinha no meio de um prato com vinagre.
No dia seguinte, quando ele voltava para uma nova sessão do benzimento, notava que o prato estava cheio de pernilongos mortos.
Hoje, aos 55 anos, na coordenação do Serviço de Zoonoses de Piracicaba, o pesquisador conclui: “A gente aprende demais quando observa e não despreza os hábitos populares”.
Para mais informações viste a página www.vinagrecontradengue.com.br