Clipping


Legislação


Nossos Associados

Clipping

A Ciência dos Alimentos, além das fronteiras

Engenheiro de alimentos pode atuar em áreas desde a produção, coleta, transporte da matéria-prima, fabricação, conservação, armazenamento, transporte e comercialização dos alimentos | Crédito Foto: Cinque Terre

Em entrevista exclusiva à ANAV (Associação Nacional das Indústrias de Vinagre), o Farmacêutico Jeverson Frazzon, Ph.D., Professor Titular e Chefe do Departamento de Ciência de Alimentos do ICTA, Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, juntamente com a Engenheira de Alimentos Giovana Domeneghini Mercali, Ph.D., Professora Adjunta, também do Departamento de Ciência de Alimentos, falam sobre as pesquisas e seus avanços nas mais diversas linhas de atuação, incluindo análise e processamento de alimentos. Eles explicam como é possível atingir os padrões de qualidade desejados e viabilizar produtos inéditos no mercado, citam áreas que vêm se destacando, entre outros aspectos fundamentais no setor.

O ICTA, Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é o primeiro instituto especializado em pesquisas científicas em alimentos, fundado no Brasil. O avanço da tecnologia, principalmente na última década, tem contribuído de que forma para melhorar as pesquisas?

Hoje, o ICTA tem instalados nas suas dependências os mais avançados equipamentos de pesquisas como: espectrofotômetro de massas, cromatografia gasosa, cromatografia líquida e alta performance, além de uma ampla variedade de equipamentos voltados para a biologia molecular, como real time quantitativo PCR, entre outros. Ainda, o Instituto possui equipamentos modernos nas plantas pilotos de alimentos de origem vegetal, animal, laticínios, bebidas e padaria.

Como isso, o Instituto se tornou referência nacional na área de pesquisa nas mais diversas linhas de atuação desde a microbiologia, biotecnologia, enzimologia, análise e processamento de alimentos.

Além do curso de graduação em Engenharia de Alimentos, o ICTA tem seu próprio programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, o que gera uma maior interação entre estudantes de graduação, pós-graduação e professores, tornando o instituto uma referência regional e nacional, e também em âmbito internacional através da interação dos seus professores nas mais diversas instituições de ensino e pesquisa no exterior.

Com a difusão da Engenharia de Alimentos no Brasil, em relação a outros países, como funcionam os intercâmbios e programas para o acesso às tecnologias de ponta?

Desde os anos 70, com a criação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o Brasil passou a ter uma maior participação e interação com a comunidade científica internacional. Esse processo se acelerou nas últimas duas décadas, graças à melhoria da qualidade do seu quadro de docentes.

Nestes últimos 4 anos, com a criação do programa Ciência sem Fronteiras e com o incentivo do aprendizado da língua inglesa, o país deu um salto no que diz respeito a intercâmbios de estudantes tanto em nível de graduação como de pós-graduação. Neste sentido, o Instituto mantém diversas parcerias com Universidades de todo o mundo, podendo destacar países como França, Espanha, Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha.

Além disso, o Instituto tem recebido professores, alunos de graduação e pós-graduação de diversos países, fruto das parcerias estabelecidas pela Universidade.

A Engenharia de Alimentos é uma área que engloba todos os elementos relacionados com a industrialização de alimentos. Quais conhecimentos essenciais são necessários ao Engenheiro de Alimentos?

A Engenharia de Alimentos está relacionada com o desenvolvimento e o processamento de alimentos. O engenheiro de alimentos pode atuar em áreas desde a produção, coleta, transporte da matéria-prima, fabricação, conservação, armazenamento, transporte e comercialização dos alimentos. Assim, o engenheiro de alimentos deve ter conhecimentos em física, química, matemática e biologia, além de conceitos de economia e administração. O engenheiro de alimentos se diferencia dos demais engenheiros por possuir conhecimentos aprofundados sobre as propriedades físicas, químicas, microbiológicas e toxicológicas dos alimentos e também conhecimentos sobre as alterações e degradações que os mesmos podem sofrer durante processamento e comercialização.

De que forma é possível atingir os padrões de qualidade desejados e viabilizar produtos inéditos no mercado, alcançando os objetivos esperados?

A melhor forma para se atingir os padrões de qualidade desejados e viabilizar produtos inéditos no mercado é fazer uso do conhecimento das propriedades físicas, químicas, microbiológicas e toxicológicas dos alimentos e associá-las às tecnologias emergentes para o processamento de alimentos. Dessa forma, torna-se possível o desenvolvimento de produtos especiais, como alimentos sem lactose, sem glúten, alimentos orgânicos e minimamente processados.

A utilização de novas tecnologias e novos ingredientes viabiliza não somente a comercialização de produtos inéditos, assim como a disponibilização no mercado de produtos que anteriormente eram possíveis de serem consumidos somente in natura. Um exemplo prático é a comercialização de abacate “guacamole” nos EUA, devido à utilização da tecnologia de alta pressão hidrostática. Esta técnica destrói os microrganismos patogênicos e inativa as enzimas degradantes, permitindo que o produto mantenha o frescor natural por um longo período, facilitando a sua comercialização.

Nas indústrias do setor de alimentação, o profissional deve ser capaz de desenvolver projetos e processos produtivos, buscar a garantia de qualidade e atuar na fiscalização, entre outras qualificações. Quais as áreas que mais oferecem oportunidades atualmente?

No Brasil as áreas que oferecem mais oportunidades estão relacionadas com a garantia de qualidade dos produtos. Muitos dos nossos alunos que saem empregados da universidade atuam nas empresas desenvolvendo sistemas de gestão para garantia da qualidade dos alimentos processados. Outras áreas que vêm crescendo e merecem destaque são a fiscalização e o desenvolvimento de novos produtos. O aumento do número de vagas para atuação em órgãos de fiscalização do governo, assim como uma maior difusão na sociedade do papel do engenheiro de alimentos abriram portas para a atuação desses profissionais em órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Anvisa.  

Diferentemente dos EUA, o engenheiro de alimentos no Brasil não tem recebido muitas oportunidades na área de desenvolvimento de processos e novas tecnologias. Isso se deve muito ao perfil das indústrias brasileiras que não investem em pesquisas para melhoria de seus processos produtivos.

Por Solange Poli (Cinque Terre - Território da Comunicação)

Desenvolvido por:

Web e Ponto - Soluções Digitais